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Terminar bem

Lembro como fiquei chocado ao ler o resultado de uma pesquisa feita pelo Dr. Bob Clinton, renomado autor e pesquisador global que afirma que entre 10 lideres evangélicos, apenas 2 ou 3 terminam bem. Pesquisando sobre a vida dos reis de Judá, verifiquei a mesma realidade, infelizmente menos de 30% terminaram bem. Todos tinham acesso aos fatos históricos e as provas da fidelidade de Deus para com seu povo. Como pode? Porque tantos lideres cristãos hoje em dia, homens e mulheres que “provaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo”, estão retrocedendo?

Estava preocupado com esses fatos quando nosso filho menor faleceu em um acidente. Fabio era pastor, um jovem pai cheio de alegria e vida. Para mim e para a minha esposa a dor foi imensurável. No dia do enterro, cedo pela manhã, quando orava e refletia sobre sua curta vida, esta estatística me veio à mente. Então pensando no testemunho de vida de Fabio, meu coração se encheu de louvor e gratidão a Deus. Que presente! Ele viveu honrando ao Senhor e deixou um legado de servo fiel, tanto no ministério, quanto como filho, marido e pai exemplar. Fabio, com apenas 28 anos, terminou bem! Ali no escuro e no silêncio da madrugada, aplaudi com profunda emoção ao meu filho: “Parabéns filho, você terminou bem!” 

Em seguida, Deus falou ao meu coração: “Edmund, você também precisa terminar bem.” Com espirito contrito, mas submisso, respondi: “Sim, Senhor, com a tua ajuda, eu também quero terminar bem!” Desde então, “terminar bem”, tem sido o tema e a bússola no meu chamado. E foi isso que motivou o início do ministério das Fermatas no Brasil, em 2004. Meu desejo era alertar casais de lideres para não se tornarem parte dos quase 80% desta estatística trágica. Queria encorajá-los e equipá-los a seguirem com humildade e determinação o caminho da cruz de Cristo. (Lucas 9:23.24). 

São sete as razões básicas do porquê os líderes evangélicos não terminam bem: 

1. Abandono do chamado por desânimo e esgotamento. 

2. Abuso de poder. 

3. Orgulho e falta de prestação de contas. 

4. Imoralidade. 

5. Falta de integridade em assuntos financeiros.

6. Crises matrimoniais e familiares.

7. Hipocrisia e mornidão. 

Todas essas razões revelam a falha humana. Mas a vida cristã é a vida de Cristo. Paulo nos revela o segredo da vida vitoriosa quando diz: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”Gálatas 2:20. Não precisamos ser vítimas do tentador, nem do mundo e nem da nossa própria carne. 

Durante todos esses anos, a história do Ministério Fermata tem provado que Deus restaura e capacita seus servos quando estes retornam à cruz, aceitando a sua nova identidade em Cristo, não mais satisfazendo a carne, mas obedecendo ao desafio de Jesus: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”Marcos 14:38

A montanha Matterhorn, uma rocha gigante de 4.500 metros de altura nos Alpes Suíços, é considerada uma das mais perigosas do mundo. Anualmente, aproximadamente 3.000 Alpinistas se arriscam à escalá-la. Em 1865, Edward Whymper e seus sete companheiros ingleses foram os primeiros a chegar ao seu topo. Tragicamente, quatro de seus companheiros perderam suas vidas ao iniciarem a descida. Desde então, mais de 500 pessoas tiveram o mesmo fim e a maioria na descida vertiginosa. Tanto assim, que na cidade de Zermatt, ao pé da montanha, tem hoje um cemitério exclusivo para alpinistas. Um dos guias da montanha disse: “Coragem e preparo físico são inúteis se faltar a prudência.”

É muito perigoso quando superestimamos nossa força, conhecimento e capacidades, nos esquecendo que somente Cristo é poderoso “para nos guardar de tropeços” (Judas 1:24). Mas permitindo que Cristo viva a sua vida em e atravésde nós, estaremos equipados para o desafio da vida cristã e experimentaremos a realidade de Filipenses 4:13“Tudo posso naquele que me fortalece.” É assim que terminaremos bem. 

Edmund Spieker

Churches in Missions

www.churchesinmissions.org

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Chamado de Deus – Sem tempo de validade

Estava pensando em Calebe, com 85 anos, afiando sua espada e pedindo a Josué uma montanha cheia de Anakins (gigantes) para conquistar. Calebe me inspira! Gosto de sua filosofia de vida. Idade e circunstâncias não eram empecilhos para sua missão de guerreiro e líder em Israel. Ele sabia que o chamado de Deus não tem validade. Romanos 11:29 diz que “…o chamado de Deus é irrevogável”. Filipenses 1:6 afirma que “aquele que começou a boa obra em nós, há de completá-la…”

Hoje em dia, aos 65 anos chegamos à terceira idade, mas prefiro chamar este tempo da “melhor Idade.” Melhor não só pelas passagens gratuitas em transportes coletivos, fila prioritária no comércio e transportes, estacionamento diferenciado, etc., mas também pela liberdade que ela nos traz; a de não nos preocuparmos tanto com o que outros pensam a nosso respeito, a pararmos de nos comparar com os outros, pessoas mais inteligentes, mais ricas, mais bem preparadas do que nós. Quanta energia desperdiçada! Para mim, o melhor desta “melhor idade” é o conhecimento acumulado e aprofundado através de anos a fio de vivência, dependendo unicamente da graça de Deus, bem como Calebe. 

A Bíblia está cheia de provas de que Deus não discrimina ninguém por sua idade. Ao contrário, Ele dá graça suficiente a quem precisa enfrentar não só montanhas e Anakins que Ele coloca em nosso caminho, mas também os gigantes que enfrentamos diariamente nesta fase especial de nossas vidas. 

Gigantes de limitações físicas, emocionais ou circunstanciais, desafios gigantescos no ministério, insegurança financeira e espiritual, etc.  Esses e muitos outros gigantes nos preocupam e nos amedrontam nos fazendo recuar em determinados momentos. 

Em tempos assim, Calebe nos ensina a jamais pendurarmos a espada, pois este é o tempo de vivermos o lado extraordinário da vida! Viver confiante que o mesmo Deus que nos carregou no passado, já está lá no futuro nos esperando e que Ele continua treinando nossas mãos para, com o poder da espada do espírito e da vida vitoriosa na graça de Cristo, vencermos as batalhas à nossa frente.  

Existe, todavia, uma condição para isso tudo que é a nossa rendição. Precisamos entregar o controle, os planos e as nossas preferências pessoais, totalmente a Sua vontade. Não podemos esquecer que a “melhor Idade” é um tempo de colheita.  O que se plantou lá atrás é o que se colhe agora. 

Há muitos anos decidi fazer um inventário diário do que tenho plantado durante o dia. Antes de dormir relembro, como que em um filme em minha mente, o que vivi durante o dia. Se houver algo a ser confessado e/ou restituído, faço o mais rápido possível na manhã seguinte.

Essa decisão, além de ser fonte de muita satisfação, traz muita leveza à alma, leveza proveniente da graça perdoadora de Deus. Isso nos habilita, também, a vivermos com a consciência tranquila e prontos a aceitarmos as limitações que este tempo nos traz.

Outra condição: Viver atenta à voz tranquila atrás de mim dizendo: “…este é o caminho…” Is.30:21. E se Deus quiser me chamar para uma missão que irá usar toda sabedoria, habilidade e experiência que levou uma vida inteira para ser adquirida?  Preciso estar pronta, afinal de contas, as experiências da aflição, das más escolhas ou das decisões medíocres que nos levaram a becos sem saída não foram desperdiçados pelo Senhor. As lições que aprendemos enfrentando e derrubando outros Anakins no passado foram, e ainda serão usadas por Deus para forjar ainda mais o nosso caráter, nos tornando resilientes. 

Confesso que venho de uma linhagem de mulheres medrosas e preocupadas e, cedo em minha vida, decidi quebrar esta maldição. Foi uma das decisões mais importantes que tomei na minha vida.  

Depois da decisão veio o exercício de, diariamente, depositar a minha confiança em Deus, abraçando minha nova identidade em Cristo. Ao vivenciar e crer firmemente em suas promessas, fui capaz, pela graça de Deus, de derrotar os gigantes do medo e da preocupação. 

Quem se rende desta maneira pode experimentar a realidade de Gálatas 2:20“Fui crucificado com Cristo…A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.Fácil? Não, mas glorioso!

Claro que as montanhas de desafios e limitações parecem ser mais altas e os gigantes mais fortes nestes dias difíceis. Mas convictos de que “nossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3:3), veremos que montanha alguma será alta demais ou gigante algum invencível para nós.

E quando as portas se fecham, ministérios precisam ser entregues à pessoas mais jovens e mais seguras, limitações físicas, mentais e emocionais aumentam; nós prosseguimos para frente e “para o alvo da nossa soberana vocação em Cristo Jesus”,pois somente assim estaremos desfrutando da nossa verdadeira “melhor idade.”

Então que tal esquecer esta ideia de aposentadoria, de fim de linha e começar a procurar uma montanha e seus gigantes para derrubá-los? Nunca é tarde para se afiar novamente nossa espada. Posso ouvir alguém dizer: “Ok, mas ninguém é de ferro”! Sim, podemos descansar agora. Descansar sim, estagnar, parar de crescer e de lutar, não! Pois quem não continua aprendendo, continua perdendo.  

A Bíblia nos garante que “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão…. Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo” (Salmo 92:12-15)

Marli Spieker

10/2020