Você já percebeu a quantidade de esteiras velhas e usadas à venda? Se você já teve uma dessas coisas, pode ter usado muito regularmente por um bom tempo. Com certeza você se sentiu melhor, com mais tônus muscular, melhor batimento cardíaco e mais energia. Então, depois de um tempo, você a usou menos, à medida que seu interesse se voltava para outras coisas. Quando você percebeu que não ela não te levava a lugar nenhum, o seu uso realmente diminuiu, até que você desistisse? Esteiras não utilizadas e descartadas podem ser encontradas em quase todas as cidades; você vê muitas delas anunciadas no jornal diário, “pouco usadas”, dizem eles.
Isso me lembra o que, freqüentemente, acontece na vida de muitos cristãos. Muitos começam a jornada cristã entregando suas vidas a Jesus, até mesmo se comprometendo com ele com fervor. Os primeiros meses, ou mesmo anos, começam com um estrondo: muita vida, entusiasmo, emoção, fazendo coisas para o Senhor e ficando realmente entusiasmado com tudo isso. Então, por algum motivo, “deixa de florecer.” Outras coisas legítimas entram em cena. Coisas boas, como namorados, namoradas, casamento, uma carreira, talvez filhos ou outras responsabilidades tão legítimas e necessárias. Eles têm precedência sobre as “coisas cristãs” que antes nos surpreendiam.
Em seguida, o desastre acontece. Podemos até considerar tentarmos “chegar mais perto do Senhor”, para que “Ele seja o Senhor de nossas vidas” novamente. Ou, talvez, um bom sermão inflamado nos traga de volta, nos convencendo da perda de nosso primeiro amor, e dedicamos nossas vidas a Ele, novamente. Com toda boa intenção, podemos tentar fortalecer nossa decisão de fazermos melhor dessa vez, participando de um curso sobre “Como Viver a Vida Cristã”. Talvez um estudo bíblico chame nossa atenção e nos estimule novamente.
Lá vamos nós para um retiro de fim de semana que nos deixará realmente vivos quando chegarmos em casa! Contamos a todos sobre isso e, não fica dúvida alguma em nossas mentes, de que nossas vidas foram novamente estimuladas para realmente vivermos para Deus. Mas, logo estamos de volta ao ponto de partida, apáticos, ocupados com outras coisas e derrotados.
Alguns tentam o caminho da responsabilidade, assim nos tornamos responsáveis perante outras pessoas para nos mantermos disciplinados e no caminho certo com a nossa dedicação. Resolvemos melhorar nos reportando à uma outra pessoa que também esteja tentando. Desta vez, nos manteremos dentro dos ideais de nossas boas intenções. Então os “outros” desistem ou se afastam de nós e falhamos novamente. Soa como uma esteira, muito trabalho, mas, repetidamente, não leva a lugar nenhum.
A síndrome da esteira se parece com isso:
• arrependimento de nossa frieza,
• recebendo perdão,
• novo comprometimento de nossa vida com Jesus,
• realmente tentando mais
• fracasso recorrente nas tentativas
• arrependimento do nosso fracasso,
• recebendo perdão,
• novo comprometimento da nossa vida com Jesus,
• realmente tentando mais, e realmente falhando novamente,
• arrependimento do nosso fracasso,
• recebendo perdão,
• novo comprometimento de nossa vida com Jesus,
• realmente nos esforçando novamente
• e realmente falhando novamente.
Apesar de nossas fervorosas orações de dedicação, re-dedicação e compromisso, com toda a boa intenção de que o Senhor realmente nos ajude, falhamos novamente. A vida parece simplesmente voltar à monotonia normal, quase sem brasa. Essa tortura viciosa leva muitos cristãos a um lugar de mediocridade, culpa perpétua e turbulência interior, simplesmente seguindo o fluxo. Então a complacência e a resignação se instalam.
Nossa salvação eterna está garantida, nossos pecados estão perdoados e, de alguma forma iremos para o céu. Finalmente, algum dia, o céu será nossa posse e então a luta terminará. É bom saber que estamos a caminho do céu, entretanto, passamos por um mau momento.
É triste perceber que milhares de cristãos em todo o mundo vivem assim. Eles estão empenhados de todo o coração em trazer os outros para a mesma condição em que se encontram; derrotados, desanimados e incapazes de viver consistentemente a vida cristã.
O Padrão de Jesus Cristo
Vejamos como o próprio Jesus viveu. Qual era o segredo de estar no topo o tempo todo? Ele viveu por um princípio simples que é a chave para viver a vida cristã. Muitas vezes nos quatro Evangelhos, Jesus disse: “E nada posso fazer de mim mesmo…” (João 5:19,30). Em outras ocasiões, Ele disse: “Quem me vê a mim, vê o Pai…” (João 14:9).
Como homem, Jesus sabia desde o início de Sua vida terrena que não poderia fazer qualquer coisa, a menos que dependesse da fé e da confiança do Pai que habitava Nele (por meio do Espírito Santo). Desta forma, “Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmo sabeis…” (Atos 2:22).
É desta mesma forma (método) pelo qual Jesus nos envia ao mundo, assim como o Pai o enviou (João 20:21). Veja, a vida cristã é Jesus. Pela fé, devemos confiar que Ele viverá por nosso intermédio, assim como Jesus confiou que o Pai viveria por Ele. Colossenses 2:6-7 diz assim: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações e graças. “
Filipenses 2:13 expressa isso da seguinte maneira: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade“. Isso não deixa espaço para nossa independência. A vida cristã é Cristo vivendo Sua vida em nós.
No entanto, se tentarmos viver a vida cristã (mesmo tendo Cristo como nosso Ajudador), logo descobriremos que tropeçamos e caímos na esteira do esforço próprio. Quando pensamos sobre isso, percebemos que o verdadeiro problema é o próprio cristão. Ele(a) está tentando fazer por conta própria, e isso sempre resultará em fracasso, mesmo que pareça bem-sucedido. Aos olhos de Deus, é “madeira, feno e palha” e não tem valor eterno (1 Coríntios 3:12). Não é que nossos desejos ou motivos sejam errados; simplesmente usamos a energia errada – a nossa, não a Dele.
Freqüentemente, leva uma vida inteira para que o crente descubra essa grande falha em seu pensamento sobre a vida cristã. Muitas vezes, uma grande crise surge em sua vida e as circunstâncias quase o esmagam ou quebram. Muitos anos de provações se passam, antes que o cristão admita que não pode viver dessa forma, que não pode lidar com isso e não pode realizar nada sozinho. É, precisamente, neste momento que o Espírito Santo quer revelar que o próprio cristão é o obstáculo à vitória e que o seu pior inimigo é ele mesmo! Não são os pecados e as falhas que são o problema, mas ele próprio é o problema.
Em Romanos 7:14-25, o apóstolo Paulo fala sobre essa luta em sua vida. “…pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto…Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum…Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” Ele estava sendo ministrado pelo Espírito Santo sobre a sua vida na esteira, na qual confiava em si mesmo. Paulo, como muitos personagens bíblicos antes dele, Jó, Elias, Moisés, Jacó e José, deu fim à performance e se rendeu ao Espírito de Deus para fazer nele o que ele não podia fazer.
A Grande Substituição
Quando nós, em nossos dias, chegamos a esta abençoada compreensão – que estamos falidos e que em nós mesmos não podemos fazer nada de bom – estamos prontos para “sair da rotina”. Podemos vir a “odiar a nossa vida neste mundo e estar prontos para trocá-la pela vida de Cristo” (João 12:25). Se estivermos prontos para fazer isso, estaremos em posição de viver em vitória em Cristo. Em vez de re-dedicar nossa vida a Cristo, ou apenas colocar Cristo no trono de nossa vida, estaremos dispostos a entregar nossa vida nas mãos de Deus, para que Deus faça com ela o que Ele quiser. Isso é muito diferente de uma re-dedicação ou um novo compromisso. É rendição, uma desistência de nós mesmos; para ter Jesus vivendo dentro e através de nós.
Ele abraça o conceito bíblico de que Jesus veio para ser a nossa VIDA! (Colossenses 3:4). Jesus não veio para ser apenas o Senhor de nossas vidas, nem para ser o ajudador de nossas vidas. Ele é a VIDA e veio para ser a nossa fonte de vida, a essência espiritual do nosso próprio ser.
Se você está cansado de não chegar a lugar nenhum na esteira do esforço próprio para viver uma vida cristã, então você pode considerar entregar sua vida em total rendição e assumir a Vida Dele para substituir a sua. Uma oração de rendição e confiança pode soar assim:
“Pai Celestial, reconheço que não posso viver a vida cristã com minhas próprias forças. Por mim mesmo, sou um fracasso absoluto. Como não posso viver a vida cristã, escolho permitir que Cristo viva Sua vida vitoriosa por meu intermédio. Eu aceito que meu antigo EU foi crucificado com Cristo, (mesmo tempo, mesmo lugar). Aceito o fato de que fui sepultado com Cristo, ressuscitei com Ele em novidade de Vida e que hoje estou sentado com Cristo nos lugares celestiais. Aceito que Cristo, agora, é a minha VIDA! Estou confiando em Ti, no Seu tempo, para tornar isso uma realidade em minha vida. Tudo o que sou e tenho pertence ao Senhor. Eu escolho acreditar nessas verdades e agir de acordo com elas, não importa quais sejam ou continuem sendo minhas circunstâncias. Ensina-me mais sobre quem eu sou em Cristo. Se houver algo impedindo a Sua vida fluir através de mim, por favor, traga à luz. Obrigado pela vitória que agora é minha por meio de Cristo. Em nome de Jesus, Amém.
Esta oração pela fé, dá a Deus “permissão” para fazer tudo o que Ele tem que fazer para trazer você à vitória em Cristo. Se você se render sinceramente, desistindo de si mesmo, pode esperar que o Espírito de Deus use as circunstâncias e as pessoas para quebrar sua autossuficiência e dependência em seus próprios recursos. Então, por escolha, você aprenderá mais e mais a como confiar, consistentemente, pela fé no Cristo que habita em você (1Pedro 4:1-2,12-13, 2Coríntios 1:8-9). Ainda haverá flutuações em seus sentimentos e comportamento, mas essa descoberta é como cruzar o rio Jordão para Canaã (Hebreus 4:9-12).
Você está disposto, desta forma, a “tomar a sua cruz e seguir a Jesus” (Lucas 9:23), permitindo que o poder de Sua Palavra forme Cristo em você, para que seu desejo de viver em santidade prática seja finalmente alcançado? Desista de si mesmo; comece a confiar em Cristo como sua fonte de vida, de identidade e de graça capacitadora. Ele começará a viver Sua vida poderosa em você, “fazendo muito mais do que tudo quanto você pode pedir ou pensar, de acordo com o Seu poder que opera em você” (Efésios 3:20).
Don Higgins